CLÁUDIO WANDERLEY DE CARVALHO
Nasceu em Barreirinhas pelas mãos da parteira Mãe Zefinha no dia 05 de fevereiro de 1936. Foi membro fundador da ABL e ocupou a cadeira de Nº11 tendo como patrono, João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe, que era seu parente ancestral.
Foi um poeta e teve músicas compostas em parceria com os filhos gravadas por eles, como Martiniano e Rivelino Silva de Carvalho (este último in memorian) que empresta seu nome ao Centro Cultural de Barreiras.
Como escritor, Claudio contou suas lembranças e histórias no livro “Breves memórias da terra do já teve...”. produzido em parceria com o filho jornalista Luiz Hespanha. Faleceu no dia 09 de novembro de 2020, vítima de AVCs isquêmicos e suas complicações.
Segue o texto poético ‘Cláudio Wanderley, pés e asas de cidadão!’, de autoria do filho Luiz Hespanha, com algumas atualizações providenciadas pelo filho Martiniano Silva de Carvalho:
Biografia
A história de Cláudio Wanderley de Carvalho poderia ser a de uma pessoa comum. Dessas que passam a vida vendo a vida passar, que ficam numa janela com olhos apontados para um ponto qualquer do infinito sem se perguntar sobre a imensidão ou a finitude.
Poderia, mas não foi! Porque definitivamente ele não coube nos microuniversos das pessoas comuns. E isso veio desde menino, quando o senso de observação, a ironia e a capacidade crítica tomaram conta de seus olhos e verbos. Isso fez dele um bom papo, um polemista raro, um exímio contador de causos, um memorialista instigante, um historiador do cotidiano de sua gente.
Nos mais de 84 anos vividos intensamente estiveram a voz do locutor de alto-falantes, de emissora de rádio, de animador de comícios nos tempos em que a palavra era mais importante que a maquiagem ou o trabalho do marqueteiro. Ajudou muita gente a se eleger com sua voz e credibilidade. Municípios como Mansidão, São Desidério e Riachão das Neves, foram emancipados em campanhas memoráveis que tiveram sua voz como instrumento político.
Nessa trajetória, também cabe o funcionário da antiga Comissão do Vale do São Francisco, responsável pelo recenseamento do gado da Região Oeste da Bahia. Nela também esteve o vendedor de terras, o antiquário sertanejo “garimpador” de móveis, imagens e utensílios da Bahia e do Brasil de outras décadas e séculos. Também foi garimpeiro no sertão baiano. Caçador de pepitas em águas e clareiras, onde nem tudo era busca por riqueza, por dinheiro. O importante era viver o sonho, como um descobridor aventureiro. Até prático dentista foi uma de suas profissões. Um tio que era do ramo ensinou o básico e fez dele seu assistente. Foi também taxista, um dos primeiros da cidade, com direito a propaganda e tudo no veículo.
Mas a alma de Cláudio Wanderley fervia era pela política, pela palavra e pela poesia. Foi vereador em plena ditadura, o mais votado do MDB. O compromisso com as lutas populares o levou à prisão. Entrou e saiu de cabeça erguida, porque a briga era justa e dignidade não se compra e não se vende. Apresentou projetos e aprovou leis importantes como a que tombou o Paço Municipal e deu à Vila dos Funcionários o nome de Ceará Mirim. Foi presidente do PDT, ajudando a organizar o partido em toda região. Virou poeta e tem até canção gravada por filhos artistas, como o Hino em Homenagem a Barreiras. Virou escritor, contando suas memórias e histórias no livro Breves Memórias da Terra-do-Já-Teve. Deixou um material inacabado para outro livro ainda em gestação, intitulado Costumes & Acostumados. Membro fundador da Academia Barreirense de Letras ocupou a cadeira de Nº11, tendo como patrono seu parente ancestral João Maurício Wanderley, o Barão de Cotegipe.
Cláudio Wanderley de Carvalho era filho de Alcides Wanderley de Carvalho e Urânia Macêdo de Carvalho. Foi casado por mais de 67 anos com Dilza Wanderley Silva de Carvalho, tiveram 09 filhos, netos, bisnetos e uma trineta. Nasceu em Barreiras – BA no dia 05 de fevereiro de 1936, onde viveu e fez sua passagem eterna aos 84 anos, no dia 09 de novembro de 2020, em decorrência de um AVC.
Cláudio Wanderley de Carvalho nunca pretendeu ser exemplo de nada, modelo ou referência. Sua vida foi um livro em curso, um rio que correu perene, ele foi apenas um homem que repartiu o que observava e conquistava com a família, amigos e desconhecidos.
Foi um homem que viveu seu tempo com pés e asas de cidadão!