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ABL participa de celebração pela independência


A Academia Barreirense de Letras (ABL) participou no dia 1º de julho de um evento virtual para celebrar a independência da Bahia e do Brasil, representada pelo confrade João Paulo Pinheiro e pela presidente, Marilde Guedes.


O encontro histórico foi organizado pela Academia de Letras da Bahia (ALB) em parceria com a Rede de Integração Cooperativa das Academias de Letras da Bahia (Rica), e reuniu 13 academias, com apresentações diversas sob o tema da independência.


‘Para além de um grito: a verdadeira independência do Brasil’ foi o assunto abordado pelo escritor e historiador, João Pinheiro. Membro da ABL e da Academia Santa-ritense de Letras (ASL), o confrade Raimundo Corado representou na ocasião a ASL, falando sobre ‘A influência da maçonaria na independência da Bahia’.


Recheado de poesia e história viva, o encontro foi acompanhado por diversos membros da instituição de Barreiras, bem como escritores e amantes da literatura de outras regiões do estado.



Seguem abaixo na íntegra os textos declamados pelos confrades da ABL:



“DOIS DE JULHO”

A INFLUÊNCIA DA MAÇONARIA NA INDEPENDENCIA DA BAHIA

Autor: Raimundo A. Corado

Santa Rita de Cássia-BA, 27 de junho de 2025



Começo cumprimentando

Nossa querida Bahia

Saúdo também a RICA

Em nome da Academia

Sobre o tema deste evento

Vale fazer cumprimento

Também à “Maçonaria”


Na Bahia, o dois de julho

Tornou-se dia sagrado

Faz lembrar a Independência

Que o tornou um feriado

Foi celebrada a vitória

Para nossa honra e gloria

Com desfile realizado


Desfile do dois de julho

Um cortejo foi formado

Percorrendo Salvador

Com cartaz do resultado

Povo alegre e satisfeito

Lutando por seu direito

O Ato foi consolidado


Negros, mulheres e indígenas

Mostraram serem iguais

Na busca da liberdade

Com seus papéis cruciais

Da Lapinha ao Campo Grande

O movimento se expande

Com elogios pessoais


Cartazes com homenagens

Demonstração de coerência

Maria Quitéria é lembrada

Símbolo de resistência

Maria Felipa, guerreira

E Joana Angélica, a freira

Gigantes da Independência


Sob influência maçônica

Desde sua preparação

Emprestou ideologia

Em toda organização

Com ideais de liberdade

Espirito de igualdade

O empenho não foi em vão


Na Conjuração Baiana

Como ato preparatório

Membros da maçonaria

Munidos de repertórios

Aplicou sua estrutura

Pra conseguir a ruptura

Cortando laços inglórios


Mil oitocentos vinte e três

Na província da Bahia

Quando a tropa Portuguesa

Aos Baianos se rendia

Com as guardas abaixadas

Vencidas e derrotadas

Perderam a autonomia


Do Bairro dos Periquitos

Disfarçada, pra lutar

A Soror foi atingida

Na intenção de matar

Enfrentando arma bélica

Nossa “Soror” Joana Angélica

Não conseguiu escapar


Importante destacar

Maria Felipa Oliveira

Mulher negra combatente

Conhecida marisqueira

Que a bem da independência

Mostrou grande resistência

Sempre agindo na trincheira


Justamente em dois de julho

Saíram de Salvador

Era o fim da ocupação

Que custou suor e dor

Tornamos independentes

Com luta dos resistentes

Muita garra e muito amor


Nasce o sol a dois de julho

Brilha mais que o primeiro

É sinal que neste dia

Até o sol é brasileiro

Diz o Hino da Bahia

Com sua linda melodia

Ao descrever o roteiro


Dois de julho, é também

Um marco fundamental

Grande Oriente Maçônico

A nível Estadual

Sessenta e quatro, corria

Instalou-se na Bahia

A irmandade universal


Não quero ser enfadonho

Falta muito pra ser dito

Mas, se alongar o cordel

Fica enfadonho, repito

Temos tempo limitado

Para ser bem declamado

Toda atenção vos concito


Parto para o encerramento

Expressando gratidão

Primeiramente à Rica

Por toda organização

Que de forma acolhedora

Acolhe Auxiliadora

Com sua apresentação


Santa Rita está presente

Vem trazendo seu recado

Cordel sobre dois de julho

Aos baianos consagrado

A todos, um forte abraço

O pedido que ora faço

Divulgue o poeta Corado


Para além de um grito: a verdadeira independência do Brasil!

Autor: João Pinheiro

 

Quando falamos da independência do Brasil, a imagem mais cristalizada no imaginário popular ainda é a do 7 de setembro de 1822: um príncipe europeu, montado em seu cavalo, proclamando “Independência ou morte” às margens do riacho do Ipiranga. É uma cena dramática, construída para os livros de história e para a pintura de Pedro Américo. Mas ela resume uma farsa simbólica, um gesto político protagonizado pelas elites. Aquilo não foi independência. Foi, no máximo, o início de uma longa jornada — e uma jornada que exigiu muito mais do povo do que de qualquer trono.

A verdadeira independência do Brasil não nasceu de um grito solitário. Ela nasceu da resistência. Da guerra. Da coragem coletiva que não figura nas narrativas tradicionais. E é por isso que estamos aqui para falar sobre o 2 de Julho — data que marca a libertação da Bahia das tropas portuguesas, e que deveria ser tratada como um marco nacional.

A Bahia foi o maior campo de batalha da independência brasileira. Enquanto em muitas províncias a ruptura foi resolvida com diplomacia ou acordos políticos, os baianos tiveram que ir à luta — literalmente. De 1822 a 1823, travou-se uma guerra sangrenta. E o mais impressionante: com ampla e decisiva participação popular. Não foram apenas soldados treinados: foram lavradores, pescadores, homens livres, escravizados, indígenas e, principalmente, mulheres. A independência da Bahia foi um levante popular, uma explosão de vontade coletiva por liberdade.

E é nesse ponto que a historiografia tradicional falha. Nos venderam a ideia de que o Brasil é um país pacífico, quase avesso ao conflito. Mas isso apaga capítulos inteiros da nossa história de resistência. Apaga Canudos, Balaiada, Revolta dos Malês, Guerra do Contestado — e, claro, as Guerras de Independência. Dizer que o Brasil nasceu pacificamente é, no mínimo, injusto com quem morreu por essa nação nascer.

Os heróis do 2 de Julho não usavam coroas ou fardas pomposas. Usavam o que tinham. Eram o povo em armas. E muitos nomes precisam ecoar mais alto:

  • Maria Quitéria, que desafiou o conservadorismo ao se alistar como homem e provou seu valor no campo de batalha.

  • Maria Felipa, mulher negra, marisqueira, que liderou outras mulheres para incendiar embarcações inimigas com urtiga e pimenta.

  • Joana Angélica, religiosa que tombou à porta do Convento da Lapa, tentando impedir a entrada violenta dos soldados portugueses.

  • Corneteiro Lopes, cuja corneta anunciou não a ordem de ataque, mas o triunfo do povo baiano.

  • João das Botas, destemido nas águas da Baía de Todos-os-Santos, enfrentando a marinha inimiga.

  • E até Luís Alves de Lima e Silva, o futuro Duque de Caxias, que iniciou sua formação militar nesse conflito real e mortal.

Esses nomes, que deveriam estar em todos os livros escolares, resistem hoje no canto do Hino ao 2 de Julho. Mas atenção: esse hino não é só uma peça decorativa, a ser cantada sem pensar. Ele menciona batalhas — Pirajá, Cabrito, Itaparica, Lapinha, Paripe — que deveriam ser conhecidas, estudadas, analisadas. Cada verso carrega sangue, suor e esperança de um povo que não aceitou a dominação estrangeira. Decorar o hino é pouco. É preciso compreendê-lo.

O 2 de Julho é mais que uma data. É um manifesto. É a lembrança viva de que a independência brasileira foi conquistada com luta popular, com sacrifício e com dignidade. E, por isso, essa data deveria estar no calendário nacional, ser ensinada nas escolas de Norte a Sul, e reconhecida como o verdadeiro marco da nossa liberdade política.

Porque no Brasil, a independência não foi proclamada de cima pra baixo. Ela foi construída de baixo pra cima — nas ruas, nos morros, nos conventos e nos campos de batalha. E é por isso que devemos honrar não só o grito, mas principalmente a luta.

O Brasil precisa ouvir essa história contada com a força que ela merece!




 
 
 

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