A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.
(Eduardo Galeano)
A possibilidade de sonhar é da natureza humana. Os sonhos movem a humanidade e a faz conquistar o “inédito viável” como nos diz o grande educador Paulo Freire. Sonhar é a utopia tratada por Eduardo Galeano, na epígrafe que abre este texto. A utopia serve para alimentar a nossa caminhada e fazer vislumbrar horizontes novos. Os sonhos também nos transportam a esses horizontes. E, cada vez que realizamos um, queremos tantos outros mais.
Ingressei na Academia Barreirense de Letras em 30 de novembro de 2019, como membro eleita para ocupar a Cadeira número 10, que tem como patrono o escritor Hildon Rocha. No horizonte dos objetivos, destaco o de contribuir com o Coletivo de membros, na perspectiva de estabelecer relações, parcerias e interlocuções com outras instituições no campo das Letras, das Artes e da Cultura, ambiências de uma Academia. Ou seja, realizar os sonhos desse Coletivo.
O papel social e literário da ABL só poderá se solidificar com o trabalho profícuo de seus membros e a cooperação das instituições parceiras, com vistas a cumprir sua finalidade maior -, a defesa do patrimônio linguístico nacional. Fortalecer e preservar a língua e a escrita, propagar a literatura, as artes, as letras são objetivos dessa instituição e devem ser comuns aos seus membros.
Este preâmbulo é para situar o leitor quanto aos sonhos dos membros que compõem essa Academia, desde a sua criação em 2005. Ao ser criada, uma das utopias era a sua sede própria, para abrigar seus membros e a sociedade como um todo, realizar seus projetos nas diferentes linguagens culturais, de modo particular, a linguagem literária seu foco primeiro.
Com esse propósito, as equipes gestoras, os confrades e confreiras, os poderes executivo e legislativo municipal trabalharam, envidaram esforços, para alcançar tal desiderato. Acompanhei a Comissão designada para as tratativas de cedência da casa da ABL, em 2020, junto ao prefeito municipal, que sinalizou, positivamente, a recepção deste sonho que passou, também, a ser de vossa excelência. Assim, em 30 de junho de 2020, a sede da Sede começou seu processo de materialização. Registro, aqui, como membro, meu sentimento, neste pequeno poema.
SEDE DA SEDE
A sede da Sede será saciada
Desejo de moradia própria foi sonho
Sonho que começa a se materializar
Uma Ordem de Serviço imprime avanço no Processo
Esforços vários de pessoas e instituições
Ainda vale poetizar
Sonho sonhado coletivamente é mais fácil de se concretizar
De tanto trabalhar e esperançar
A ABL, em breve, sua Sede terá
E, todos juntos, poderão comemorar.
Apesar da Ordem de Serviço, não poderíamos parar de lutar, de esperançar, de alimentar nosso objetivo de receber a sede, devidamente qualificada, para abrigar a ilustre casa da Literatura, das Artes e da Cultura no Território de Identidade Bacia do Rio Grande. Com a sede, poderemos contribuir muito mais com a propagação da arte literária neste Território, buscar o congraçamento e a maior aproximação entre os representantes da cultura do Oeste baiano e de outros territórios, estados, regiões e países.
Como diz o poema, sonho que se sonha coletivamente tem maior probabilidade de realização, em 21 de maio de 2022, tivemos um misto de sentimentos (alegria, celebração, comemoração), a sede em nossas mãos. Daí, novos versos invadem a emoção.
A utopia do esperançar na luta
Torna-se concreta neste celebrar
A ABL tem sede própria
Podemos inaugurar
Poetas e poetisas vamos festejar!
Ainda, no calor das comemorações de inauguração da Sede, uma emergência se impõe. Um novo sonho? Sim. Nunca pare de sonhar, diz a canção. A emergência, no sentido de rapidez, tornar a concessão de uso da Sede em patrimônio da Academia, por doação do poder público, aprovado pelo legislativo municipal. Eis aí o novo sonho que nos move.
Trazer este olhar, esta percepção da nossa ABL, nesses três anos de convívio efetivo com seus membros, é uma oportunidade memorável para deixar registrado nestes escritos, quão importante é esta instituição para a sociedade, em especial, para as futuras gerações, que poderão beber na fonte literária dos imortais que a compõe. Nessa fonte, encontrarão muitos sonhos, muitas utopias que poderão suscitar tantos, tantos e tantos outros horizontes.
Para concluir, tomo de empréstimo as palavras de Rozana Gastaldi “somos aquilo que lembramos e que esquecemos. Sombras indeléveis de arrulhos. Sombras apagadas de arrufos. Nas trilhas da lembrança e do esquecimento, caminha a memória deixando rastros de nossa história”. Deixamos a nossa memória com os rastros da trajetória da ABL para aquisição de sua Sede.
Vivas à ABL nos seus 18 anos, e nos próximos que virão!
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